Poder, ambição e parceria - Resenha de House Of Cards


Uma das produções mais aclamadas da Netflix e ganhadora do Emmy de melhor direção em série dramática em 2013, House of Cards destaca-se pelos envolventes diálogos, pela boa ambientação em Washington e por mostrar toda a podridão da política norte-americana.

Mais do que isso, entretanto, o que realmente carrega a série é a dupla formada por Frank e Claire Underwood. Interpretados respectivamente por Kevin Spacey e Robin Wright, as personagens são fascinantes por terem sangue frio e saberem como manipular todos ao seu redor.

Fator tão importante quanto este é a relação entre Frank e Claire. Juntos há mais de 20 anos, eles representam um tipo de casal pouco comum, pois não aparentam ter um sentimento de amor profundo um pelo outro. Os dois não formam um casal típico de conto de fadas, que se beijam e se abraçam sempre que se encontram. Muito pelo contrário. Os Underwood têm uma relação fria e evitam qualquer demonstração de afeto.

Se a paixão fica de lado, o mesmo não se pode dizer do companheirismo. Quando unidos, demonstram força capaz de dominar o Presidente da Rússia ou até mesmo todo o Congresso da ONU. O casamento pode não ser o ideal, mas Frank e Claire compensam com um entrosamento ímpar na hora do trabalho. Mais do que um casal, eles são uma equipe afiada e pronta para vencer a qualquer instante.




Porém, nem mesmo nessa interação há completa paz. Por serem ambiciosos e independentes, é recorrente a ocorrência de um choque de interesse​s entre os dois. E são justamente nessas situações em que vemos o melhor do seriado. Na dinâmica entre a dupla percebemos como uma boa atuação interfere na qualidade de uma obra. Atores renomados do cinema americano, Spacey e Wright acertam o tom e conseguem transparecer todo a tensão dos diálogos dos protagonistas. Cada cena traz diálogos nos quais as palavras são milimetricamente colocadas para passar todo o peso do momento.

Esses conflitos se tornaram ainda mais recorrentes com o decorrer da série. Mesmo forte desde o início, Claire passou a discordar mais das escolhas do cônjuge com a progressão dos acontecimentos. Ao ver a ascensão do poder de seu esposo, ela percebe o grande número de erros cometidos pelo marido e interfere em diversas ocasiões. Essas atitudes o desagradam e aumentam ainda mais o desentendimento dentro da Casa Branca. O clima fica ainda mais pesado e a primeira dama resolve se afastar do convívio com o marido.

A atitude da ex-embaixatriz é totalmente justificável. Em uma discussão já na posição de Líder dos Estados Unidos da América, Underwood chega a dizer que sem ele Claire não é nada. Tal opinião só começa a mudar no 4º episódio da 5º temporada. Neste capítulo, o presidente sofre um atentado e entra em coma justo em um momento de extrema crise no país. Sagaz, Claire controla o perdido vice Donald Blythe (Reed Birney) e contorna as adversidades, devolvendo o país em melhores condições do que recebeu. Aí então percebemos um fato cada vez mais real: Sem Claire, Frank não é nada.
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