Venho, por meio desse post, registrar não só um inusitado acontecimento, mas sim, um sentimento que há anos o futebol não me proporcionava. Aliás, não só o futebol.
Atualmente, ouvimos incessantemente que a raça humana está perdida, que não há mais pessoas honestas e que não devemos jamais confiar em ninguém. É tão comum ouvir isso que há momentos em que realmente começamos a desacreditar de nós mesmos.
Falta-nos motivos para discordar dessas afirmações, para voltar a acreditar que é possível ser do bem, ser honesto, ter valores.
Nascer e viver num país onde o normal é ser corrupto, é enganar, é se preocupar apenas consigo mesmo, é fazer o menor esforço possível na incansável tentativa de levar vantagens. Triste. Uma realidade que assusta quem não se esforça pela mudança e encontra a solução na ideia de sair do país. Abandonar o barco. Deixar o problema para os outros.
Comodismo? Com certeza! Afinal: "somos assim!"
Será que devo devolver um objeto perdido? Ser honesto? O governo não é honesto comigo, por qual motivo deveria ser honesto com alguém? Aliás, se devolver, o que vou ganhar com isso?
Durante a partida entre Borussia Monchengladbach e Paderborn, ocorrida no último final de semana na Alemanha, tivemos um exemplo de inteligência, caráter, honestidade e tantas outras qualidades que caberiam aqui.
O jogador Stefan Kutschke, do Paderborn, corria em contra-ataque em direção ao gol adversário quando Kramer, do Borussia, veio marca-lo.
Com a aproximação adversária, Stefan caiu. O árbitro não pensou duas vezes: marcou falta e aplicou o cartão amarelo para Kramer (que ficou revoltado). Ao ver a injustiça, Stefan Kutschke se levantou e conversou com o árbitro, esclarecendo que não havia sofrido a falta. O juiz voltou atrás em sua decisão, cancelou o cartão, a falta e cumprimentou o jogador pelo gesto de honestidade.
Em seguida, a torcida aplaudiu de pé o jogador. Merecido!
Veja o vídeo:
No final da partida, quando entrevistado, ele disse:
"Não houve falta. Eu escorreguei no gramado. Mas quando vi o juiz dar o cartão amarelo para o Kramer, eu avisei que ele não havia feito a falta"
Infelizmente, essas boas atitudes são exceção ou então são ofuscadas pelas notícias trágicas que dão mais IBOPE.
Stefan Kutschke fez a diferença naquele dia. Talvez nenhuma diferença na partida, no Campeonato ou no futebol. Mas fez muito mais que isso: Deixou um legado, uma lição, um exemplo de humanidade! Meus parabéns!
Gabriel Bergamascki
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